Shadow AI: O risco invisível que já está na sua empresa

André Pino
30 de julho de 2025

A ascensão da inteligência artificial (IA) transformou profundamente a forma como empresas operam, inovam e se comunicam. Porém, à medida que ferramentas baseadas em IA se popularizam, de assistentes de escrita a plataformas de geração de conteúdo, uma ameaça silenciosa cresce dentro das organizações: o Shadow AI. 


Trata-se do uso não autorizado ou não monitorado de aplicações de IA por colaboradores, sem o conhecimento da equipe de TI ou segurança da informação. Segundo o relatório The State of AI Cyber Security (2025), produzido pela Check Point Research, mais da metade das redes corporativas (51%) já utilizam serviços de GenAI regularmente. Frequentemente sem políticas de governança bem definidas ou qualquer tipo de controle formal. 


Neste artigo, você entenderá o que é Shadow AI, os riscos de segurança e conformidade que ele representa e por que a governança de IA deve ser uma prioridade para empresas de todos os portes. 

O que Shadow IA é e porque ele prolifera tão rapidamente

O conceito de Shadow AI se refere à adoção espontânea de ferramentas de inteligência artificial por usuários finais dentro de uma organização (normalmente com boas intenções e voltada para aumento de produtividad) mas sem o consentimento ou supervisão da equipe de segurança da informação. 


De acordo com o relatório da Check Point, os serviços mais populares entre usuários corporativos são: 


  • ChatGPT (37%) 
  • Microsoft Copilot (27%) 
  • Grammarly (25%) 
  • Vidyard (21%) 
  • DeepL (18%) 


Essas ferramentas estão cada vez mais presentes no cotidiano das equipes, utilizadas para redigir e-mails, criar conteúdo, fazer apresentações, traduzir documentos, entre outras funções. Contudo, esse uso frequente, e muitas vezes invisível, expõe as empresas a riscos de vazamento de dados e violações de conformidade. 

O que os dados revelam sobre vazamento de informações 

O relatório mostra que 1 em cada 80 prompts enviados a serviços de GenAI a partir de dispositivos corporativos continha dados de alto risco, ou seja, informações confidenciais que, se comprometidas, podem acarretar sérias consequências jurídicas e reputacionais. 


Além disso, outros 7,5% dos prompts (1 em cada 13) continham informações potencialmente sensíveis, como dados de clientes, planos estratégicos, e-mails internos e informações financeiras. 


Esses dados evidenciam que os riscos de Shadow AI não são apenas hipotéticos. Eles já estão acontecendo agora, em empresas reais, todos os dias. 

Shadow AI é um novo tipo de Shadow IT (e mais perigoso) 

Shadow AI é uma evolução do antigo problema do Shadow IT: o uso de softwares, aplicativos e dispositivos não autorizados dentro da empresa. A diferença fundamental está no tipo de ameaça envolvida. 


No caso do Shadow AI, os riscos vão além da simples perda de controle sobre as ferramentas utilizadas: 


  • A IA aprende com os dados que recebe. Isso significa que informações corporativas inseridas em plataformas de GenAI podem ser armazenadas, processadas ou utilizadas de formas imprevistas. 
  • Nem todos os serviços têm políticas claras de segurança e privacidade. Muitos deles operam com armazenamento em nuvem em servidores de terceiros, em países com legislações diferentes da brasileira. 
  • A IA pode ser enganada. O relatório mostra que modelos como o ChatGPT e DeepSeek já foram usados por cibercriminosos, inclusive para gerar códigos maliciosos ou para manipular a IA com "prompt injection", extraindo dados sensíveis. 

Ameaças reais: vazamentos, engenharia social e desinformação 

O uso desgovernado de IA amplia a superfície de ataque das empresas. O relatório traz diversos casos em que cibercriminosos exploram falhas de segurança em serviços de IA: 


  • Plataformas falsas de IA (como versões clonadas de ChatGPT e DeepSeek) distribuindo malware, com aparência legítima, mas com o objetivo de roubar credenciais de acesso. 
  • Extensões maliciosas para navegador, como um plugin do Chrome que simulava o ChatGPT e sequestrava cookies de sessão de contas do Facebook. 
  • Ataques de engenharia social com deepfakes de áudio e vídeo, viabilizados por IA, que resultaram em fraudes milionárias. Um conhecido caso foi o de uma empresa britânica que perdeu £20 milhões após um executivo ser falsamente replicado em uma videoconferência ao vivo. 


Esses ataques são alimentados por dados vazados, frequentemente originados de ambientes corporativos onde o uso de IA é feito sem controle. Isso reforça a urgência da implementação de uma política de governança de IA. 

Como implementar governança de IA na prática 

O primeiro passo para enfrentar o Shadow AI é visibilidade. A empresa precisa descobrir quais ferramentas estão sendo utilizadas dentro de sua rede e como os usuários estão interagindo com elas. 


Segundo a Check Point, soluções como o GenAI Protect já permitem mapear e classificar o uso de IA na rede corporativa, identificando riscos e aplicando políticas de prevenção de perda de dados (DLP). 


Outras medidas essenciais incluem: 


  1. Auditoria e monitoramento contínuo de prompts enviados a ferramentas de GenAI
  2. Criação de uma política clara sobre o uso de IA definindo ferramentas autorizadas, níveis de acesso e restrições; 
  3. Treinamento de usuários, explicando os riscos de inserir dados sensíveis em plataformas de IA; 
  4. Análise de risco e compliance de cada serviço utilizado, avaliando sua aderência à LGPD e a outras normas; 
  5. Integração com soluções de segurança existentes, como CASBs (Cloud Access Security Brokers) e firewalls de nova geração. 

Conclusão

O Shadow AI representa uma nova geração de riscos corporativos invisíveis, que exigem ações imediatas de conscientização, governança e tecnologia. 


Os dados do relatório são claros: empresas que ignoram o uso espontâneo de IA por seus colaboradores já estão expostas a vazamentos de dados, perda de propriedade intelectual e riscos regulatórios. A solução não é proibir o uso de IA, mas sim integrá-la com segurança ao ecossistema da empresa. 


Governar o uso de IA é hoje uma responsabilidade compartilhada entre as áreas de segurança, compliance, TI e recursos humanos. E quanto mais cedo essa conversa começar, menores serão os impactos futuros. 


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